Durante estes dias andei também inspirado por "Eu, Antonin Artaud", livro de textos vários deste homem multi-facetado que foi actor, encenador, maluco, pintor e poeta, que esteve na génese do movimento surrealista. Para Artaud, o corpo é algo de mágico e de transcendente: a eternidade é visceral e corpórea, a morte foi inventada e o teatro é a revolução do corpo.
No seu texto "O teatro e a peste", Artaud estabelece a relação entre estes dois elementos:

Como a peste, o teatro é uma crise que se desenlaça com a morte ou com a cura. E a peste é um mal superior porque é uma crise completa, e depois dela nada mais resta a não ser a morte ou uma extrema purificação. De igual forma, o teatro é um mal porque equilíbrio supremo, não adquirível sem destruição. Convida o espírito a um delírio que lhe exalta as energias; (...) levando os homens a verem-se como são, faz cair a máscara, põe à mostra a mentira, a frouxidão, a baixeza e a hipocrisia; sacode a inércia asfixiante da matéria, que chega às mais claras certezas dos sentidos; e revelando a colectividades o seu poder sombrio, a sua força oculta, convida-as a assumir perante o destino uma atitude heróica e superior que, sem isto, nunca teriam tido."
Artaud coloca no fim o problema de saber se "neste mundo que escorrega, suicida sem dar por isso, será encontrado um núcleo de homens capazes de impor esta noção superior do teatro que a todos nós restituirá o equivalente natural e mágico dos dogmas em que deixámos acreditar"
Nenhum comentário:
Postar um comentário