terça-feira, 29 de janeiro de 2008

José Sócrates tem nome de filósofo mas é um sofista

Hoje apetece-me falar do José Sócrates. O José Sócrates tem nome de filósofo mas é um sofista. Está ao serviço de uma retórica cujos fins são os que mais convém no momento. Há quem não olhe a meios para atingir os seus fins. Mas ele não é desses. Ele é sim, dos que não olha a fins para realizar os seus meios. O José Sócrates é um burocrata. Maneja as palavras como a matéria de um exame oral. É um daqueles alunos que são marrões, decoram a matéria e não arriscam nada de verdadeiramente pessoal e genuíno. Há cerca de dois anos, José Sócrates disse que o discurso dos seus adversário faziam-lhe lembrar “as imagens daquele extraordinário antigo ministro da informação do Iraque, que, com os tanques à porta de Bagdad, continuava a anunciar uma grande vitória iraquiana e a prometer que os americanos seriam esmagados... Porque será?”
O que a mim me vem aqui à memória é um conto Zen:

Durante as guerras civis no Japão feudal, um exército invasor poderia facilmente dizimar uma cidade e tomar controle. Numa vila, todos fugiram apavorados ao saberem que um general famoso por sua fúria e crueldade estava se aproximando - todos exceto um mestre Zen, que vivia afastado. Quando ele lá chegou, o monge não o recebeu com a normal submissão e terror com que ele estava acostumado a ser tratado por todos; isso levou o general à fúria. "Seu tolo!!" ele gritou enquanto desembainhava a espada, "não percebe que você está diante de um homem que pode trucidá-lo num piscar de olhos?!?"
Mas o mestre permaneceu completamente tranqüilo. "E você percebe," o mestre replicou calmamente, "que você está diante de um homem que pode ser trucidado num piscar de olhos?"

O Sócrates não entende a diferença entre ele e seus adversários políticos, porque os vê na sua pobre e limitada perspectiva do que é a política. Zizek, num artigo seu, fala precisamente no episódio do primeiro ministro Iraquiano. Refere ainda a distinção de Jeane J. Kirkpatrick entre líderes “autoritários” e “totalitários” que a política Americana usou para distinguir os politicos que deveriam ser apoiados na luta contra os regimes comunistas. Os autoritários são mandões pragmáticos e utilitaristas que se preocupam com poder e riqueza e que são indiferentes acerca de assuntos ideológicos, ainda que possam papaguear sobre uma grande causa para efeitos decorativos. Por outro lado, os lideres totalitários são fanáticos que acreditam na ideologia e que estão dispostos a sacrificar tudo pelos seus ideais. Os americanos lidam melhor com os primeiros do que com os segundos.

O Sócrates é dos primeiros, dos autoritários. São os que podem enganar alguém num dia ou outro, mas não por muito tempo. Sócrates instituiu em Portugal a autoridade da higiene e das estatísticas. O que lhe interessa não é fazer tratados que mudem o mundo. A ele basta-lhe que esse tratado se chame “De Lisboa.” O Sócrates gosta de estudos encomendados a técnicos e de choques tecnológicos. Na mensagem de natal, Sócrates fala só dele. Das suas tarefas do défice. Quando fala sobre os portugueses, é em forma de estatística. A estatística é arte de dizer que, se um homem comeu quatro lagostas, e outros três não comeram nada, então cada homem comeu uma lagosta.

Sócrates sabe que a política é a arte de mentir. Mas o desastre dele é que não sabe mentir. Só sabe mentir quem se acredita nas próprias mentiras que conta. Esqueçam tudo e olhem para a cara dele. Quando ele dá más notícias aos portugueses e lhes pede sacrifícios, ele diz isto a sorrir. Aliás, ele diz seja o que for sempre com a mesma cara. Como quem não entende o que lê, mas lendo-o em voz alta. O Sócrates tem sorrisos falsos enquanto fala ao país. A diferença entre um sorriso simulado e um falso reside num pequeno músculo em torno dos olhos que puxa as maçãs do rosto para cima. É a diferença entre a verdade e a mentira. O que Sócrates propõe para Portugal é ridículo e absurdo. Sócrates acha que a evolução de um país se alcança pelo alterar das estatísticas e indicadores. Sócrates confunde os meios pelos fins e isso é absurdo. Uma das expressões máximas do absurdo é o cómico. Nesse sentido, ninguém mostrou tão bem o que é a essência primordial da política do Sócrates como os Gato Fedorento neste Sketch:

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