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Sendo as mentes organismos vivos e não caixotes do lixo, irremediavelmente dissimilares e não uniformes, os sistemas oficiais de educação não são como seria de esperar, particularmente afortunados. Que as esperanças dos educadores ardorosos da época democrática cheguem alguma vez a ser cumpridas parece extremamente duvidoso. Os grandes homens não podem fazer-se por encomenda por qualquer método de ensino por mais perfeito que seja.
O máximo que podemos esperar fazer é ensinar todo o indivíduo a atingir todas as suas potencialidades e tornar-se completamente ele próprio."
No fim de ler esta passagem, salientei a data, 1927, e acrescentei por fim que, ou Huxley era um visionário ou que havia problemas muito antigos. No público houve alguns indivíduos que se denominavam professores, que ficaram bastante irritados com a nossa Maria, com o Huxley e com 1927 e fizeram irritadas insinuações e perguntas confusas. Fiquei todo contente, por sentir ter criado aquela agitação. Até àquele momento, o público tinha estado muito sereno e manso.
De facto, este livro de Huxley é fantástico. Fala sobre a Democracia e critica-a de uma forma tão aberta e tão livre, coisa que hoje não estamos habituados a fazer hoje em dia em que o conceito de democracia foi sacro-santificado. Jacques Ranciére é um dos autores referência actuais sobre o tema da democracia. Mas o conhecido livro dele, "Ódio à Democracia", nunca o cheguei a acabar: Foi nessa altura que, por tuta e meia comprei este excelente livro de Aldous Huxley e esqueci Ranciére. Ele fala em democracia, educação, psicologia de uma forma clara e com aquele estilo apelativo e agradável próprio de Huxley, tal como a sua restante obra revela em livros como "Admirável Mundo Novo", ou "As portas da percepção". Recomendo!
3 comentários:
Sem esquecer "Ponto Contra Ponto", menos conhecido que "Admirável...", mas pra mim um dos melhores romences de todos os tempos....
Eu comecei a ler Ponto Contra Ponto mas parei a meio. Ainda hei-de voltar a pegar nele
Engraçado retomar este livro aqui: foi o primeiro ensaio filosófico que li na vida e teve o seu impacto numa adolescente ;-)
Parabéns pelo blog, um bom aperitivo de referências.
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