terça-feira, 3 de março de 2009

Novilho com Cogumelos, Vinho Tinto, Dylan Thomas e Miles Davis

Receita Born to be Wilde para os 5 sentidos

Ingredientes p/2 pessoas:

300 gramas de carne de novilho
1 garrafa de um bom vinho tinto
1 lata de cogumelos pequena
2 colheres de sopa de polpa de tomate
3 dentes de alho
2 folhas de louro
Pimenta a olho
Piri-piri a olho
Tomilho a olho
(para quem não tiver o olho treinado, não deitar mais do que duas colheres de chá de cada)
Uma xícara de arroz
1 álbum de Miles Davis: Relaxin' (Saquem aqui)
Sobremesa: um poema ou dois de Dylan Thomas

Primeiro: preparar o arroz branco que é o mais fácil e pode ficar cozinhar enquanto se faz o resto. Uma parte de arroz, duas de água. Um colher de Sal. Deixar ao lume. Tapar, mas não completamente. Simples.

Agora, partir a carne de novilho em bocados pequenos. Na frigideira um fundo de azeite e acende-se o lume. Picar os alhos e deitar lá dentro. Mal o alho comece a dourar, o que é uma questão de segundos, deitar a polpa de tomate. Mexer com colher de pau. Acrescentar um copo de vinho meio cheio (pode ser meio vazio, consoante as sensibilidades). Convém que o vinho seja bom e que seja o mesmo que se vai beber durante a refeição. Acrescentar as folhas de louro, o sal, a pimenta e o tomilho. Mexer. Agora segue-se a carne e os cogumelos. Mexer. Passados uns 10 minutos deve estar bom. Vejam pelo aspecto (é preciso treinar o olho). Não se esqueçam do arroz, que deve estar pronto antes disso!

Agora, é tempo de pôr a mesa bonita (o olho em acção, mais uma vez), e se quiserem podem por o arroz em forma de montinhos usando duas tigelas pequenas como forma. Ao servir, reguem o arroz com o molho da carne

Agora, ponham o álbum Relaxin' de Miles Davis a tocar. Vão ver como se trata do complemento perfeito para esta simples e bela refeição. O groove do contra-baixo e o saxofone cool de miles, conjuga na perfeição com uma boa carne e bom vinho.

No final, quando já só sobrar o vinho e a música, sugiro a leitura de This Bread I Break de Dylan Thomas, que aqui traduzo desta forma (ver original aqui):

Este pão que abro

Este pão que abro foi antes centeio,
Este vinho sobre uma ramada forasteira
Ficou submerso nos seus frutos
O homem de dia ou o vento à noite
Derrubaram as searas, arrancaram a alegria dos cachos

Outrora neste vinho, o sangue do verão
palpitou na carne que enfeitava a videira
Antes, neste pão
o centeio era feliz sob o vento;
mas o homem desfez o sol e o vento foi abatido.

Esta carne que desfazes, este sangue
que deixas desolar nas veias,
Eram cachos e centeio
Nascidos das raízes e seiva sensuais;
Deste meu vinho bebes, deste meu pão te alimentas

2 comentários:

Ivo disse...

Se usar um album do keith jarrett estrago a receita?

um abraço! :D

José Magalhães disse...

Não me oponho, mas acho que o Keith Jarret precisa de mais legumes