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Primeiro diz que o comunismo está velho arcaico, reumático, coitadinho. Diz que a Igreja teve se adaptar ao capitalismo ficando "bonzinha", e como que relegou seu autoritarismo para o sector político. A herança católica do juízo final, segundo Sloterdijk, terá sido aproveitada no campo político pelo comunismo:
"Quando no ano de 1848, foi possível afirmar, em tom de certa auto complacência, que um espectro andava à solta pela Europa, intimidando e assustando todos os governos, de Paris a Moscovo, esta mudança era um testemunho da situação depois da "morte de Deus" com a qual também a função do Juízo Final - juntamente com vários outros departamentos da jurisdição divina - teve de ser transferida para o bem e para o mal, para instâncias terrenas."
"Aquilo que desde início tornou verdadeiramente espectral o comunismo ascendente e lhe conferiu a a força de atrair a si os reflexos paranóicos dos seus adversários, foi a sua capacidade, cedo reconhecida, de ameaçar de destruição o status quo vigente. (...) O negócio da vingança do Juízo Final, ou dito de forma mais comedida, do equilíbrio unversal do sofrimento, acabaria por escapar de novo das instâncias terrenas"
O que Sloterdijk diz é que o comunismo só funciona enquanto espectro de ameaça do Juízo Final. Mas depois diz também que o Islamismo está em forte expansão e é candidato a ao monopólio do negócio da vingança do juízo final, ao receber de herança do comunismo essa imagem do grande inimigo do eixo do bem mundial, de que a política ocidental tanto precisa.
No entanto o raciocínio inverso é mais interessante. Quais são os motivos que levam os jovens a aderir a organizaçõe terroristas islâmicas? Sloterdijk dá três motivos: os dois primeiros são uma visão simples radical do mundo dividido em bem e mal e uma visão do mundo baseada numa grande luta de grandeza teatral.
Isto são balelas como se sabe, e Sloterdijk também o sabe. O terceiro motivo e mais importante que ele dá é o de "um excesso ddesesperado de vitalidade de um gigantesco grupo de jovens desempregados, sem família própria e sem perspectivas sociais, entre os quinze o os vinte e nove anos (e um pouco mais).
O que Sloterdijk acaba de certo modo por deixar implícito é uma visão marxista da luta de classes que se ajusta perfeitamente àquilo que é o Islão. Por um lado, o Islão é a imagem do inimigo externo que a política e economia ocidental paranóicas tanto precisam. No capitalismo neo-liberal há sempre necessidade de exploradores e explorados. Por outro lado, o Islão é para os islâmicos a certeza de uma justiça divina perante o mal estar social e económico que vivem.
O que existe são dois Islãos devido a uma diferença de classes que é mais importante do que são as diferenças religiosos em termos políticos. E isto é a prova de que felizmente, é verdade o que Sloterdijk deixa entender mas não assume, de que o comunismo ainda existe como espectro efectivamente destruidor do status Quo tradicional: já não se trata de cristãos contra católicos, porque a diferença de classes está implantada nas religiões, havendo ricos capitalistas islâmicos e católicos, e pobres e explorados islâmicos e católicos.
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