segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Budismo e Avaliação de Professores
O famigerado processo de avaliação de professores instituído por este nosso (des)governo, tem feito correr muito sangue. Bem... sangue não. Tem feito correr muita... tinta vermelha. Os professores queixam-se da excessiva burocratização da profissão e de estarem a ser usados por exemplo, como vendedores de computadores magalhães, desvirtuando as suas nobres funções de elevar o nível de cultura e sabedoria de um povo.
Há um paralelismo que se pode encontrar entre esta situação e um momento particular da história do Japão no período Edo (1615-1867) na forma como eram tratados na altura os monges budistas. No início do período Edo, o Japão foi reorganizado inteiramente por um poder ditatorial, assistido por uma burocracia eficaz e minunciosa. O Budismo perdera sua influência política, tendo passado a ser regida pelo estado, graças aos sistemas dos danka (paroquianos). Os pobres monges para além de terem de mostrar ao povo o caminho da iluminação e libertação, tinham por exemplo que atender os japoneses que estavam obrigados a registarem-se num templo, próximo do qual cada família teria seu jazigo, num processo semelhante ao de um recenseamento.
Assim, tal como os professores portugueses, fizeram dos monges budistas meros serventuários de paróquias, com um estatuto de funcionários e rendimentos derivados de funerais e de outras cerimónias e serviços. Com isso fizeram com que muitos monges budistas Zen, das escolas Rinzai e Soto se recusassem a submeterem-se a um poder que não se limitava a nomear abades e dignatários, mas chegava ao ponto de regulamentar a vida quotidiana dos monges. Também aqui em Portugal, em 2008, vemos muitos professores a reformarem-se mais cedo e a oporem-se a um governo que teima em sobre-regulamentar burocraticamente a profissão.
Pequena nota - Partilho da opinião mais radical e ao mesmo tempo mais sensata que já ouvi sobre isto. Deixem os professores serem avaliados, não pelo ministério, nem os professores uns pelos outros, mas sim pelo elemento da comunidade escolar a quem mais interessa tudo isto: os alunos
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4 comentários:
pequeno comentário -
não confiando no ministério, nem nos professores (graças a alguns que tive) e muito menos nos alunos (já fui uma!), e já cansada do assunto, só me pergunto:
porque é que não lhes fazem uma 'PCE' (prova de competências especificas)?
Vê-se logo que essa professora que escreve no quadro não é "professora". :)
Ah! pensava que conseguia enganar toda a gente mas aqui o victor realmente sabe demasiado...
Pelos alunos?! Havia de ser giro... descambava tudo num concurso da Professora Mais Gira e do Professor Mais Giro ;-)
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