Hubert Slim
My advice would be... to aspiring musicians: find a way to do what you love to do, because if you do, then it doesn't really matter if you get paid to do it or not. then you can have your life wrapped around it and work in a coffee shop. And then if you're lucky, maybe you can make a living with it. And if you're lucky and you work hard, maybe you can get a lot of money doing it, but if that's your goal, then you really shouldn't do it.
Dave Matthews
Vi este documentário excepcional sobre a indústria da música na américa: Before the Music Dies. Este documentário mostra-nos o culminar do processo de degradação da música americana por intermédio dos monopólios económicos das editoras e das rádios. Isto originou uma ditadura das playlists nas rádios e a imposição de fórmulas normativas empresarias na produção da música. Esta situação é visível no facto de a MTV nos últimos anos nos ter habituado ao mesmo tipo de música estereotipada, onde raparigas com caras de plástico e peitos grandes foram paulatinamente ocupando o lugar dos verdadeiros artistas.
A música americana esteve sempre ao longo da sua história ligada a movimentos de libertação social e política, desde os field hollers e as working songs dos escravos negros dos campos de algodão, passando pelo blues e o jazz do princípio do século XX, até ao rock da revolução sexual dos anos 60. Porém, a partir dos fins dos anos 70, tendo em conta que a música se havia tornado um negócio que movimenta milhões, começou a surgir a velha história que Marx conta, ou seja, uma classe burguesa a tomar conta das mais-valias desta produção, surgindo grandes editoras que progressivamente foram arrecadando os lucros da exploração dos artistas da música.
Há medida que o negócio da música se foi tornando uma verdadeira indústria que movimenta muito capital, a figura do agente musical, que inicialmente era alguém que promovia e geria as bandas numa perspectiva de servir a banda, passa ao longo dos anos a mudar para a figura de um empresário que tanto investe em petróleo, bananas, computadores ou discos de música consoante o que dita o mercado. As editoras passam então a funcionar numa lógica mercantilista, o que acaba por influenciar claramente a produção da música. A música passa a ser vista meramente como produto de consumo, passando esta a ser objecto de avaliação por parte de estudos de mercado para atingir determinadas fórmulas. Os talentos musicais que não se regem por tais fórmulas vão tendo cada vez mais dificuldades em ter apoios por parte das editoras.
Por fim chegam-se às famosas playlists, as listas das músicas que são dadas às rádios para estas passarem a troco de dinheiro. Aqui em Portugal vivemos há alguns anos segundo esta fórmula das playlists, que são nada mais nada menos do que uma ditadura do capital. Aqui está o segredo para a música das rádios ser tão má e repetitiva relativamente ao universo musical possível.
No entanto já se começam a ver sinais de uma revolução: começam a surgir pequenas editoras, feitas por gente do mundo musical, que dispensam perfeitamente as grandes editoras, pois gravar um disco nunca foi tão fácil como nos dias de hoje. E depois de gravada, o acesso à música nunca foi tão fácil como com a Internet. De facto as grandes editoras têm os seus dias contados, pois é insustentável pensar-se em fazer dinheiro com a venda de discos como se fez até hoje, na medida em que a Internet vem destruir o formato possível pela qual a música podia ser considerada propriedade privada (o disco).
Os artistas musicais para fazer dinheiro terão que fazê-lo a partir dos espectáculos ao vivo que dão.
No entanto, o verdadeiro músico, aquele que adora tocar ou cantar bela música, que toca com alma e coração e que ama aquilo que faz, não precisa de fazer dinheiro pois já é rico.
Vejam aqui o documentário Before The Music Dies:
Um comentário:
Isto interessa-me!
Postar um comentário