No ensaio Dois Cães, Alcir Pécora diz sobre o cão que:
"na hora da identidade em perigo, o animal latiu no sermão de Vieira e também na voz de Iggy Pop" (...)
"O primeiro (Iggy Pop) berrava que queria ser o meu cachorro, a qualquer preço; o segundo protestava reiteradamente ao Superior dos Jesuítas na Província de Portugal, quando se encontrava na iminência de ser expulso da ordem por conta das várias intrigas políticas em que se envolvera, que preferia ser um cão à porta da Companhia de Jesus do que receber a máxima investidura eclesiástica em Portugal. De fato, El-Rei lhe oferecera qualquer posto, como compensação do afastamento da ordem." (...)
"Ambos, em algum momento de sua vida, julgaram que um cão era a melhor figura de sua identidade em perigo, e então acharam que deveriam repeti-lo para mim, sincronizando tempos, lugares e línguas distantes. Fizeram isso uma vez, outra vez, e depois por dias e anos a fio."
Vejam também o rockeiro de 61 anos aqui a berrar I Wanna be Your Dog, numa excelente actuação em Bruxelas perante um público extasiado e animado como se estivesse a ouvir um sermão do Padre António Vieira:
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
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Um comentário:
Parece-me interessante esta tua tendência presente em muitos dos tens posts, em derrubar barreiras, encurtar distancias e estabelecer a comunicação entre elementos aparentemente díspares. É bom para o espírito não desfalecer numa linha recta e não asfixiar em compartimentos fechados. No fundo, tudo está em relação com tudo e aberto a todas as coisas.
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