sexta-feira, 21 de maio de 2010

haiku

verde
pinheiro seco
pequena sombra

quinta-feira, 20 de maio de 2010

SMS, 19 de Maio

Para: Professor Milton Madeira

Professor, escrevi um longo requerimento suportado nas leis e no regulamento da universidade, argumentando do ponto de vista científico a inadequação das objecções do júri à luz dos critérios de avaliação definidos. Contudo, após reflexão ponderada, decidi não enviar o requerimento. Abraço

Requerimento 18 de Maio

No dia 17 de Maio teve lugar a discussão e defesa da dissertação de mestrado "FILHOS DO DRAGÃO: CRENÇAS E EXPECTATIVAS INTERSUBJECTIVAS DE PAIS RELATIVAMENTE À PRÁTICA DE FUTEBOL DOS FILHOS NA ESCOLA DE FUTEBOL DRAGON FORCE DO FUTEBOL CLUBE DO PORTO",apresentada à Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Fernando Pessoa, como parte integrante dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde.
O Júri, constituído pelo Professor Daniel Seabra, Professor Manuel Sérgio, e o Professor Milton Madeira (respectivamente, presidente, arguente e orientador), deliberou a aprovação da referida dissertação com a classificação de 15 valores.
Tendo em conta a classificação obtida e a forma como decorreu a discussão pública, venho por este meio requerer, de acordo com o artigo 19º do regulamento pedagógico da Universidade Fernando Pessoa, um Processo de Recurso de Classificação. Apesar de considerar que este pedido será, eventualmente, pouco habitual no caso de uma classificação referente a uma dissertação de mestrado, o referido artigo 19º não faz qualquer menção a esta unidade curricular em particular, não tendo encontrado qualquer referência no regulamento que proíba ou impeça esta possibilidade. Assim, cabe-me igualmente, de acordo com o artigo 19º, fundamentar devidamente este pedido de recurso. Assim, quero antes de mais esclarecer que este pedido não se prende com a qualidade do juri nomeado.
O Professor Manuel Sérgio é, sem dúvida, uma referência inigualável e de mérito reconhecido na área da Filosofia e Epistemologia do Desporto e da Motricidade Humana.Considero igualmente o Professor Daniel Seabra um grande autor de referência na àrea da Antropologia do Desporto, tendo eu próprio inclusivamente citado o seu importante trabalho na referida dissertação.Por último, tenho o professor Milton Madeira na mais alta estima, que muito me tem apoiado e ajudado com a sua sabedoria e experiência, quer como professor, quer como orientador de estágio e de dissertação.
Este pedido prende-se exclusivamente com determinadas objecções e discordâncias de cariz científico, que passo a explicar. As maiores objecções colocadas durante a defesa da dissertação foram, em primeiro lugar, a escolha do uso de metodologia quantitativa, quer da parte do arguente Manuel Sérgio, quer da parte do professor Daniel Seabra.
Esta dissertação recorre a metodologia quantitativa, tendo sido formulado um questionário próprio para avaliar crenças e expectativas de pais relativamente à prática de futebol dos seus filhos. Considero legítimo haver preferências pessoais dos investigadores quanto ao uso de um ou outro tipo de metodologias. Aliás, acrescente-se que eu próprio não tenho um especial apreço pelo uso de metodologia quantitativa, muito embora ao longo do meu percurso académico haver constatado que a metodologia quantitativa é a metodologia de investigação mais comunmente utilizada na àrea da Psicologia, sendo pouco comum em Portugal e na nossa universidade em particular o uso de metodologia qualitativa nesta àrea. Se escolhi utilizar metodologia quantitativa, deve-se ao facto de haverem diversos estudos quantitativos sobre esta mesma temática, muito embora alguns apontem para um desfasamento entre o que os pais afirmam e os seus comportamentos concretos (este mesmo capítulo onde são referidos vários destes estudos quantitativos, curiosamente foi elogiado pelo professor Daniel Seabra). Para suprir esta lacuna, contruí um instrumento de raíz utilizando metodologia inovadora nesta àrea, de análise da intersubjectivdade, com resultados que considero bastante interessantes.
No entanto, aquando da defesa não houve qualquer referência à parte prática desta dissertação, aos seus resultados e conclusões, tendo ao contrário sido criticado o uso de metodologia quantitativa em si, quer por parte do professor Daniel Seabra, quer por parte do professor Manuel Sérgio. Não foi explicado em que medida é que esta opção se ajusta ou não ao objecto de estudo em causa neste caso. O Professor Arguente, Manuel Sérgio, teceu longas considerações pessoais e gerais acerca do desporto, considerações estas que ouvi  tentamente dada a sua grande experiência acumulada ao longo de muitos anos, e que muito me agradou ouvir. Após vários minutos de considerações, o arguente criticou de forma geral o uso de metodologia quantitativa e, finalmente referindo-se à dissertação em causa formulou a seguinte questão que não soube responder: "Você percebe alguma coisa de epistemologia?", ao que respondi tentei responder respeitosamente que não saberia certamente tanto quanto o professor Manuel Sérgio. De seguida perguntou-me o que era um corte epistemológico e, assim que inicei a minha resposta fui interrompido pelo professor, continuando este a fazer comentários acerca do desporto e filosofia, bastante interessantes aliás, mas nunca fazendo referências específicas à dissertação em causa.
 Sua última questão foi "Quem é o pai da Epistemologia?". Sendo difícil para mim responder, na medida em que considero haver muitos epistemólogos importantes e de referência, não sabendo escolher somente um, referi dois nomes, Thomas Kuhn e Bachelard. Com esta resposta, o professor começou a tecer elogios a Bachelard e a discorrer comentários vários que, repito, apesar de muito interessantes, nunca se referiu em específico à tese, exceptuando o facto de ter elogiado o uso da obra de Karl Marx na dissertação. Passado bastante tempo, o professor deu por terminada a sua intervenção e não tive mais oportunidades de interpelar o arguente.
Em seguida, o professor Daniel Seabra fez o seu comentário, elogiando alguns capítulos da dissertação mas criticando o facto de, como já foi referido, ter usado metodologia quantitativa. Depois criticou também em particular um capítulo (Futebol, Totemismo e Religião), classificando-o de "delírio especulativo", na medida em que, segundo este, usei uma obra de Sigmund Freud, "Totem e Tabu", que este classificou como ultrapassada, sugerindo vários antropólogos modernos que descartam a visão de Freud. Desconhecendo eu os antropólogos referidos, na medida que estou naturalmente inclinado a usar autores de referência da àrea da Psicologia (como Freud), tendo contudo suportado esta interpretação na obra de outros dois autores, o antropólogo Desmond Morris e o ensaísta Àlvaro Magalhães que, na sua obra sobre futebol, fundamenta-se em vários autores da antropologia. Assim, perante a qualificação de "delírio especulativo", respondi respeitosamente que realmente se tratava de uma hipótese especulativa, decorrente de se tratar da parte teórica onde são lançadas várias hipóteses de interpretação, não fazendo qualquer menção ao qualificativo de "delírio", que não me ocorreu como poderia contrariar em termos científicos.
Por fim o professor Milton Madeira teceu também algumas considerações, elogiando o trabalho em geral, tendo sido o único elemento do juri que colocou comentou e colocou questões acerca da parte prática do trabalho. Assim, foi com grande surpresa que pude constatar a nota final de 15 valores, quando é da minha mais profunda convicção que o trabalho merecia uma melhor avaliação, e que vários dos seus aspectos de qualidade e inovadores não foram devidamente valorizados, tais como a parte prática, por preferências pessoais da maioria dos elementos do júri relativamente ao uso de uma determinada metodologia e, por outro lado, o uso de uma obra de um determinado autor (Totem e Tabu de Sigmund Freud, que considero, acreditando não ser o único, umas das obras-primas de Freud). É também de referir que achei algo paradoxal o facto de, no final, o professor Manuel Sérgio ter tecido grandes elogios, considerando-me um "jovem promissor de grande futuro", e que deveria "publicar o trabalho", achando este elogio estranhamente incompatível com a nota final. As preferências pessoais em relação a metodologias e autores são, repito, legítimas. Contudo, consultando os critérios do regulamento pedagógico da Universidade Fernando Pessoa, constato que, quer a escolha do uso de um autor como Freud, quer a opção pelo uso de metodologia quantitativa, nunca poderão ter um peso muito grande dentro dos critérios de avaliação definidos para uma dissertação de Mestrado. A saber:

1. Respeito das normas de edição
2. Qualidade gráfica do relatório escrito
3. Clareza do relatório escrito
4. Validade do tema
5. Complexidade e qualidade da pesquisa bibliográfica
6. Estrutura da monografia
7. Profundidade da análise e desenvolvimento do trabalho
8. Originalidade
9. Metodologia científica
10. Aplicação de conceitos apreendidos ao longo da licenciatura.
11. Interpretação dos resultados
12. Relação das conclusões com o problema investigado
13. Parecer:
14. Clareza da apresentação
15. Qualidade do material de apoio
16. Relevância das respostas dadas
17. Postura durante a apresentação

Mais uma vez, afirmo que o que me move neste pedido não é uma questão pessoal com nenhum dos elementos do júri, considerando-os pessoas de referência, cada um na sua àrea.
Contudo, é da minha mais profunda convicção que um parecer de um outro júri poderia ter outra classifcação e outra valorização e críticas diferentes, na medida em que as objecções colocadas a esta dissertação dizem respeito a preferências pessoais de alguns elementos do júri, o que, a meu ver, não estão enquadradas nos critérios de avaliação definidos.

Assim, sem mais delongas, aguardo uma resposta.

Com os melhores cumprimentos,

José Magalhães

Requerimento 9 de Março (DEFERIDO)

Exma. Directora da FCHS da Universidade Fernando Pessoa,

Chamo-me José Eduardo Fernandes Magalhães, sou aluno (no. 12402) finalista do Curso de Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde da Universidade Fernando Pessoa. Neste momento, para concluir a totalidade do plano de estudos resta apenas a defesa da dissertação de Mestrado, já entregue na Secretaria das Faculdades no dia 8 de Março de 2010, intitulada: Filhos do Dragão: Crenças e Expectativas Intersubjectivas de Pais relativamente à Prática de Futebol dos Filhos na Escola de Futebol Dragon Force do Futebol Clube do Porto.
Apesar desta dissertação ter sido entregue já fora do prazo previsto (dia 31 Outubro de 2009), efectuei no dia 26 de Janeiro um requerimento no sentido da prorrogação do prazo de entrega para o dia 28 de Fevereiro. Neste requerimento expus as circunstâncias que me levaram a não entregar a dissertação dentro deste prazo (...).
Contudo, no dia 28 de Fevereiro, não tinha ainda uma resposta ao pedido efectuado. Entreguei então no dia 8 de Março a Dissertação de Mestrado, e soube com consternação nesse dia que o pedido realizado tinha sido indeferido.
Neste momento estou desempregado, numa situação económica difícil, não tendo possibilidade de efectuar o pagamento da matrícula e respectivas propinas e as possibilidades de obter um novo emprego são bastante restritas enquanto não obtiver o diploma do Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde. É neste sentido que apelo humildemente a toda a sua compreensão e solidariedade, pedindo que seja aceite a Dissertação de Mestrado entretanto entregue ontem, sem ser necessária a realização de uma nova matrícula e as propinas (ECTS) da Dissertação de Mestrado.
Segue em anexo um parecer do Orientador de Estágio e de Dissertação, Prof. Doutor Milton Madeira.
Aguardando uma resposta favorável, agradeço desde já toda a atenção disponibilizada.
Com os melhores cumprimentos,

José Eduardo Fernandes Magalhães

Requerimento 26 de Janeiro

Exma. Directora da FCHS da Universidade Fernando Pessoa,

Chamo-me José Eduardo Fernandes Magalhães, sou aluno (no. 12402) finalista do Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde da Universidade Fernando Pessoa, tendo terminado o estágio curricular e faltando neste momento somente a entrega e a defesa da dissertação de Mestrado para concluir a totalidade do plano de estudos.
Acontece que na época do prazo limite de entrega da Dissertação, dia 31 Outubro de 2009, estava regularmente empregado no Gymboree, espaço de desenvolvimento infantil, a tempo integral com uma carga horária mínima de 40 horas e trabalhando aos fins-de-semana.
Tendo começado esta actividade profissional no dia 9 de Setembro de 2009, deixando de ter tempo para me dedicar aos afazeres académicos, havia decidido pagar a matrícula e a propina do próximo ano lectivo, para dedicar o tempo e disponibilidade que a dissertação de mestrado merece. Foi com esta expectativa que decidi não ser signatário da petição entretanto formulada por colegas que pretendiam a prorrogação do prazo para 31 de Janeiro de 2010.
Contudo, de forma inesperada, fui dispensado do emprego no dia 15 de Janeiro deste mês, deixando-me sem soluções para poder realizar o pagamento da matrícula e propinas do próximo ano lectivo.
Assim, venho deste modo apelar a toda a sua compreensão e atenção, pedindo o adiamento do prazo de entrega da dissertação de mestrado para o dia 28 de Fevereiro de 2010, sendo este  o tempo necessário para a a realização de um trabalho satisfatório em termos de qualidade e rigor mínimo que se exige para uma dissertação de mestrado, contando com toda a minha paixão e vontade em levar a bom porto a corrente investigação.
Resta-me acrescentar que certamente me faltarão palavras para expressar a minha satisfação e gratidão caso este meu pedido seja aceite.
 Segue em anexo, do Professor Milton Madeira, orientador da presente Dissertação de Mestrado, um parecer relativamente a esta situação. Também em anexo se incluem os últimos recibos de vencimento, prova da minha situação profissional anterior.

Aguardando uma resposta favorável, agradeço desde já toda a atenção disponibilizada.

Com os melhores cumprimentos,

Porto, UFP, 26 de Janeiro de 2010

José Eduardo Fernandes Magalhães

quinta-feira, 6 de maio de 2010

1872: Eça de Queirós fala da crise de Portugal e Grécia

"Nós estamos num estado comparável sómente à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo abaixamento de caracteres, mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá... vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se a par, a Grécia e Portugal". Eça de Queirós, 1872, in "As Farpas":